No Brasil, há 1.327.802 pessoas quilombolas, mas apenas 12,6%
estão em territórios reconhecidos oficialmente pelo Incra — fase final do
processo de reconhecimento e proteção de quilombolas no país. Os dados foram
divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta
quinta-feira, em um levantamento censitário inédito sobre o grupo
étnico-racial.
Originalmente, os quilombos eram comunidades autônomas formadas
por escravos fugitivos que buscavam a liberdade e a resistência contra a
escravização no Brasil colonial. Essas comunidades surgiram, em sua maioria, em
regiões remotas, como matas e montanhas. O isolamento foi parte da estratégia
que garantiu a sobrevivência naquela época, mas também tornou difícil reunir
informações precisas sobre as comunidades de hoje. Por isso é que, até hoje,
eram desconhecidos dados básicos sobre essa população, como o total de
integrantes.
Segundo o primeiro levantamento, o número de quilombolas
representa 0,67% da população brasileira. A pesquisa também revela que, a cada
153 domicílios no Brasil, um tem pelo menos uma pessoa quilombola residente.
Utilizando como critério a autodeclaração, o censo identificou
que 68,19% dos quilombolas do país vivem no Nordeste. Cerca de metade desse
número encontra-se na Bahia e no Maranhão: 29,90% e 20,26%, respectivamente. Na
Bahia estão os dois municípios com maior número de pessoas quilombolas, sendo
eles Senhor do Bonfim (15.999) e Salvador (15.897).
Apesar de o direito das comunidades quilombolas à propriedade de
suas terras estar garantido na Constituição de 1988, o panorama revela que, dos
1.696 municípios com presença de quilombolas, apenas 326 têm territórios
demarcados. São 494 quilombos demarcados no país, com 167.202 residentes.
Dentre os territórios oficialmente reconhecidos, o de Alcântara
(MA) possui a maior população quilombola residente, 9.344.
Na região conhecida como Amazônia Legal, que engloba oito
estados do país (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e
Tocantins) e parte do Maranhão, o censo identificou 426.449 pessoas quilombolas,
o que representa quase um terço (32,1%) dos quilombolas do país.
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