A Itália anunciou a cobrança de um imposto
de 40% sobre o que o governo chamou de "lucros extraordinários" dos
bancos. O argumento é de que a alta na taxa de juros praticada na Europa
aumentou de forma atípica os ganhos das instituições financeiras. O Banco
Central Europeu tem subido a taxa básica de juros nos países do
euro desde meados do ano passado para tentar conter a escalada
da inflação.
Segundo o governo italiano, os bancos locais não repassaram aos
poupadores (que depositam os recursos nas instituições financeiras em troca de
uma remuneração paga em juros) o ganho maior com a alta nas taxas do euro.
Por isso, agora, haverá a cobrança de um imposto extra sobre
este lucro adicional das instituições financeiras.
O anúncio do novo imposto derrubou as ações de bancos italianos
e de outros de países europeus. Espanha e Hungria já adotaram tributos
similares sobre os ganhos de instituições financeiras e há o temor de que
outros governos sigam a mesma estratégia.
As ações do banco Intesa Sanpaolo caíam 8,6% na manhã desta
terça-feira e os papéis do UniCredit recuavam 6,7%. Segundo estimativas da
Bloomberg, em poucas horas o valor de mercado dos principais bancos italianos
foi reduzido em nada menos do que US$ 9,5 bilhões.
A expectativa é que o governo italiano arrecade
€ 3 bilhões com o imposto, que será cobrado uma única vez, em junho de 2024,
tendo como referência o lucro dos bancos este ano com o spread de juros
(diferença entre o que recebe nas suas operações de empréstimo e o quanto
remunera seus poupadores).
Não é só na Itália que os governos tentam apertar o cerco aos
lucros extras dos bancos com a alta dos juros. O governo espanhol também
surpreendeu os investidores no ano passado quando anunciou que cobraria um
imposto extra dos bancos à medida que as taxas de juros subiam, com o objetivo
de arrecadar € 3 bilhões o longo de dois anos.
O imposto será aplicado em 2023 e 2024 e faz parte de uma série
de medidas implementadas pelo primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez para
financiar políticas que visam mitigar o impacto da inflação. O país pretende
impor uma taxa de 4,8% sobre a receita dos bancos proveniente de juros e
comissões.
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