1. Hipertensão arterial.
É uma doença silenciosa: apenas
cerca de 50% dos brasileiros sabem que têm pressão alta. Desses diagnosticados,
somente metade faz tratamento.
— Atualmente, 38 milhões de
brasileiros (ou 32% dos adultos) têm hipertensão. Essa condição aumenta a
mortalidade geral em 72% em 10 anos. Entre 50 e 75 anos, a pressão arterial
ligeiramente elevada já aumenta em 45% o risco de demência.
A mensagem é: meça a sua pressão
regularmente, principalmente a partir dos 40 anos.
Uma maneira de prevenir a
hipertensão é reduzir o consumo de sal. A dose diária recomendada é de até 5
gramas por dia: no Brasil, o consumo é de 12 gramas.
2. Baixa escolaridade
na infância. Quanto maior o número
de anos estudados, maior a reserva cognitiva, ou seja, estudar (em qualquer
idade) é um fator protetor para o cérebro.
— Segundo o estudo da USP, no
Brasil, a baixa escolaridade foi o primeiro fator de risco na população mais
pobre e entre os pretos. Na população mais rica e branca o primeiro fator de
risco foi hipertensão, seguido de baixa escolaridade. Nos dois grupos, o
terceiro fator foi deficiência auditiva.
A baixa escolaridade abrange os
brasileiros que não completaram o ensino fundamental de nove anos até os 25
anos.
3. Deficiência auditiva
Está
claramente associada à baixa reserva cognitiva (capacidade de resistência do
cérebro a lesões).
—Não escutar direito gera o
isolamento do idoso. Por outro lado, o uso de aparelho auditivo pode até
reverter o declínio cognitivo.
O cuidado deve começar agora: evite
usar fones de ouvido o tempo inteiro e fique atento ao volume. É importante, de
tempos em tempos, fazer uma audiometria.
4. Obesidade
— Obesidade é doença. Existe uma
grande confusão entre obesidade e perda de peso por estética. Pessoas obesas
que emagreceram têm apenas 10% de chance de manter o peso perdido,
principalmente se não usarem medicação. Precisamos trabalhar isso tanto no meio
médico como com a população.
5. Diabetes
Existe uma grande subnotificação
dos casos de diabetes: cerca de 50% das pessoas que têm a doença não sabem. Segundo
a especialista, 9,4% dos brasileiros têm diabetes — e isso pode ser mudado.
— Se a pessoa percebe que a
glicemia está alterando (principalmente relacionada ao diabetes tipo 2), é
possível diminuir esses índices, através principalmente de uma conscientização
em relação ao excesso de consumo de açúcar e carboidratos refinados.
6. Sedentarismo.
De acordo com dados do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 47% dos brasileiros são
sedentários. Entre os jovens, esse índice chega a 84%. Portanto, a hora de
começar é agora, não importa a idade. A pessoa sempre vai ter os benefícios do
exercício, principalmente em relação ao ganho de massa muscular.
As diretrizes recentes da
Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam de 150 a 300 minutos de atividade
física aeróbica moderada por semana. Dá pouco mais de 20 minutos por dia, ou 30
minutos de caminhada esperta cinco dias por semana.
7. Tabagismo
14% dos casos de demência podem ser
atribuídos ao tabagismo, não apenas cigarro: vape, rapé, tabaco, naguile.
— Há uma associação do fumo com a progressão do
Alzheimer e piora de demência.
8. Consumo excessivo de álcool
Dados de 2021 do Vigitel (Vigilância
de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico,
do Ministério da Saúde) mostram que 18,3% dos brasileiros se enquadram na
categoria de bebedores abusivos (mulheres que bebel quatro ou mais doses e
homens, cinco ou mais doses de bebida alcoólica em uma mesma ocasião). Entre as
mulheres, houve aumento: de 7,8% de etilistas em 2006 para 12,7% em 2021.
—Acima de duas doses por dia há
risco estabelecido de perdas cognitivas. Uma dose significa 14 gramas de
álcool: 350 ml de cerveja, 150 ml de vinho, 40 a 45 ml de destilados.
9. Depressão
Segundo a OMS, os casos de
ansiedade e depressão no mundo aumentaram 25% após a pandemia. O Brasil é
considerado o país mais ansioso do planeta e ocupa o 5º lugar em número de
deprimidos.
— A depressão é considerada fator
isolado de predisposição para o Alzheimer, com papel importante mesmo que o
paciente não tenha nenhum dos outros fatores. Estudos mostraram que a cada 10
anos de depressão sem tratamento, 20% do cérebro degenera.
10. Isolamento social
É fator de risco indireto para a
perda auditiva e para a neuroplasticidade, a capacidade do sistema nervoso
central de adaptar-se e moldar-se a novas situações.
— O isolamento tem um papel absurdo
para a progressão do Alzheimer. A interação social e o convívio regular com
amigos e familiares é fundamental.
11. Poluição do ar.
Evite correr ou fazer esportes em
locais de muito trânsito e cuidado com o fumo passivo. Busque, sempre que
possível, estar em contato com a natureza.
12. Traumatismos cranianos
Pancadas na cabeça (em acidentes ou esportes, como futebol e boxe) podem causar lesão de massa encefálica, aumentando o risco de demência.
- Vale destacar o quanto é importante a prevenção
da demência no Brasil frente a um estudo publicado por um grupo da Universidade
de São Paulo (USP) em 2022. No mundo, os 12 fatores de risco para o Alzheimer
são responsáveis por 40% dos casos de demência. No Brasil, o impacto dos
fatores de risco é ainda maior: quase 50%.
A educação, a hipertensão e a perda auditiva
deveriam ser alvos prioritários.
Extraído de artigo Angélica Banhara
Nenhum comentário:
Postar um comentário