Pesquisa revela que preferimos antecipar sonhos a
investir no futuro; descubra como essa escolha pode impactar sua aposentadoria
Você já percebeu que, para muitas pessoas, pagar um boleto parece mais confortável do que pensar em se aposentar melhor? É como se quitar dívidas fosse mais atrativo do que garantir uma vida tranquila no futuro. Claro, boletos são urgentes, mas será que o futuro também não é? Afinal, viver o presente é importante, mas não é ele quem paga as contas da velhice.
Realizei uma pesquisa no Google Trends sobre o interesse pelos
termos: "investimentos", "financiamento",
"consórcio" e "aposentadoria". Os resultados foram
surpreendentes.
A
palavra "aposentadoria" teve uma pontuação média de 37 nos últimos
cinco anos, enquanto "investimentos" ficou com 24. Isso já diz muito.
As pessoas estão mais preocupadas com o que farão depois de parar de trabalhar
do que com o que precisam fazer agora para garantir que esse futuro seja
melhor. Estamos sempre pensando no futuro, mas só até certo ponto.
Muitos
podem confiar que o INSS vai segurar as pontas, e para alguns isso pode ser
suficiente. No entanto, a diferença entre aposentadoria e investimentos é
significativa. As pessoas querem se aposentar bem, mas não estão dispostas a
pagar o preço agora — o esforço de investir consistentemente. É como querer
colher uma fruta sem plantar a árvore. A realidade é que, sem plantar hoje, o
fruto do amanhã pode ser bem azedo.
Agora,
vamos olhar para "consórcio" e "financiamento". A pontuação
de "consórcio" foi quase igual à de "investimentos", o que
mostra que o brasileiro gosta da ideia de pagar um boleto para adquirir algo,
como um carro ou uma casa, mesmo que isso signifique pagar mais caro ao longo
do tempo. A lógica aqui é clara: preferimos pagar mais caro por algo palpável e
imediato do que por um futuro que parece distante e incerto. Investir é
abstrato, e talvez isso afaste as pessoas da ideia de "pagar agora para
viver depois".
E quanto ao financiamento? A pontuação foi mais que o dobro da
de investimentos e significativamente maior do que a de aposentadoria. Isso
revela uma preferência clara por antecipar sonhos, mesmo que o custo a longo
prazo seja alto. A lógica parece ser: "Melhor pagar caro agora e realizar
o sonho logo do que esperar e poupar para um futuro incerto". Quem nunca?
Porém, o futuro não se resolve por si só, e essa mentalidade pode comprometer
exatamente aquilo que mais desejamos: uma vida tranquila e segura.
Agora,
pense comigo: imagine que você tenha a chance de comprar um carro via financiamento
hoje ou espere um pouco mais e poupe para comprá-lo à vista. A primeira opção é
tentadora, porque te dá a sensação de realização imediata, mas ao final, você
terá pago muito mais. O mesmo acontece com a aposentadoria: você pode começar a
investir pequenas quantias hoje e garantir tranquilidade lá na frente, ou
continuar adiando essa decisão e correr o risco de chegar ao futuro com
preocupações e contas para pagar. Olhando nessa perspectiva, o que você
escolhe?
Esse
comportamento de antecipar sonhos e pagar mais caro no presente reflete o que
os dados mostram. Se continuarmos nesse ritmo, muitos podem chegar à
aposentadoria sem os recursos necessários, mas com uma longa lista de boletos
quitados e bens materiais que custaram mais. O problema é que bens não pagam as
contas médicas, não garantem uma boa qualidade de vida na velhice, nem cobrem
imprevistos. Pior ainda, esse comportamento pode criar um ciclo de
endividamento e estresse financeiro, que afeta tanto o presente quanto o
futuro.
Então,
o que podemos aprender com esses dados? O dilema é claro: preferimos pagar caro
por algo agora ou investir para ter uma vida mais tranquila amanhã? Essa
resposta define muito sobre o nosso futuro financeiro. Se o foco está apenas na
satisfação imediata, o futuro vai cobrar caro — e sem a possibilidade de
parcelar. Mas há uma solução simples: comece a investir pequenas quantias desde
já. Pode parecer pouco no início, mas com o tempo, os resultados se acumulam. A
aposentadoria tranquila que você sonha não é impossível, ela só exige um pouco
de planejamento agora. A decisão está nas suas mãos e seu futuro vai agradecer.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da
Casa do Investidor.
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